Cervejarias querem surfar na onda do verão para elevar vendas

O mercado brasileiro da bebida, que representa 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB), é o terceiro maior do mundo
As cervejarias apostam na chegada do verão para reverter um período de três anos de vendas fracas que não pouparam os períodos de dezembro a março, tradicionalmente o pico do consumo da bebida no país. A recuperação da economia e a melhora da renda, ainda que gradual, devem contribuir para que o mercado volte a crescer.
 
Com a recessão, a baixa disponibilidade de renda ditou o consumo no setor. As marcas mainstream (campeãs de vendas) foram as mais afetadas, pois são direcionadas ao público mais atingido pela recessão e o desemprego. Na avaliação de Paulo Petroni, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Cerveja (CervBrasil), a inflação sob controle, o endividamento em queda com o corte de juros, o PIB maior no ano que vem e a melhora gradual do mercado de trabalho vão ajudar a aumentar a frequência em bares e restaurantes e a botar mais cerveja na geladeira de casa.
 
O mercado brasileiro da bebida, que representa 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB), é o terceiro maior do mundo. Mas, em 2015 e 2016, as vendas encolheram 2%. Neste ano, devem ficar perto da estagnação.
 
"A disponibilidade de renda assumiu relevância maior nos modelos de venda. O emprego melhorando e os juros e a inflação mais baixos farão sobrar dinheiro. Já vemos isso no quarto trimestre, que deve ser positivo, deixando o ano no zero a zero. E, depois, vemos uma curva ascendente", disse Petroni.
 
Para as cervejas mais populares, disponibilidade de renda, preço e clima são determinantes no ritmo de consumo. Por isso, um verão pouco chuvoso é sempre bem-vindo. Mas, como essa é uma variável incontrolável, conta mesmo as estratégias de cada marca.
 
"Além do consumo, a decisão de investimento ficou mais difícil. As empresas, então, adotaram estratégia de ajuste de custos e promoção de vendas voltadas para o curtíssimo prazo", disse Adalberto Viviani, consultor do setor de bebidas.
 
Em meio a esse ajuste, Viviani lembra que os consumidores também se adaptaram, buscando opções de consumo em casa e, com isso, quem conseguiu maior exposição nos pontos de venda se deu melhor.
 
Caso do grupo Heineken, que melhorou sua distribuição no autosserviço (mercados, redes de atacarejo) e aumentou a fatia de mercado para 18%, ante 17,5% no ano passado. Entra no cálculo a consolidação com a Brasil Kirin (das marcas Nova Schin e Devassa). Para o consultor, contudo, o crescimento ainda não está relacionado à fusão, que passará a surtir mais efeito a partir de 2018.
 
Já a líder do setor, a Ambev (Antarctica, Skol, Brahma, entre outras) trabalha para reforçar as marcas, conforme o público de cada região. No Rio, por exemplo, o patrocínio do carnaval é feito por meio da Antarctica, enquanto a Skol está presente em outras cidades, como São Paulo e Belo Horizonte.
 
"Ainda estamos em fase de finalização dos projetos, mas podemos afirmar que a Antarctica manterá o patrocínio para o carnaval de rua, realizado desde 2010, no Rio", disse Rafael Pulcinelli, diretor da plataforma de eventos da Ambev, reforçando que esse apoio se dará de diversas formas (além da presença física, haverá uma plataforma digital para atender o público).
 
A Ambev mantém a liderança, mas perdeu um pouco de espaço nos últimos anos. Além da concorrência com a Heineken, as cervejas artesanais e especiais também caíram no gosto do consumidor. Mas esse é um mercado que também está sendo explorado pela gigante das cervejas no Brasil, que em 2015 comprou as fabricantes Colorado, de Ribeirão Preto, e a Wals, de Belo Horizonte.
 
O fenômeno, na verdade, é mundial. A controladora da Ambev, a AB InBev, maior fabricante de cervejas no mundo, enfrenta queda nas vendas das marcas mais populares nos EUA. Assim como no Brasil, o grupo comprou algumas cervejarias artesanais, como a Goose, de Chicago. Por aqui, as cervejarias de menor porte e artesanais respondem por 2,9% das vendas.
 
Robson Tatimono, diretor da Cervejaria Premium Paulista, afirma que a recuperação da economia deve estimular o consumo das cervejas mais caras. Para ter uma alternativa aos canais de venda tradicionais, como bares ou supermercados, a cervejaria apostou na frota própria munida de torneiras de chope, para estar presente em eventos. Já a Cervejaria Nacional, criada em 2006, passou a ter bar próprio a partir de 2011, além de permitir que os clientes levem cerveja para casa em growlers (galões de vidro), uma demanda crescente na crise.
 
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Com informações do portal Gazeta Online.

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